quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Relatórios de Pesquisa de Campo

Feijoada do Terno de Congo de Sainha

No dia 11 de novembro de 2007 o Terno Congo de Sainha realizou uma feijoada na rua Bernardo Guimarães, número 100, no Centro de Uberlândia, com o objetivo de angariar recursos para colaborar com os custos do terno.

A feijoada estava marcada para as 12:00 horas. O tempo não era muito favorável e estava prevista chuva para a tarde. Cheguei ao local, a academia de capoeira do Mestre Urso, às 12:30 não havia ninguém ainda. Apresentei-me ao capitão
Zezão como aluna da disciplina Folclore Brasileiro ministrada pela Professora Renata Meira. Então ele disse, com muita presteza e receptividade, que ainda não havia ninguém, mas que eu poderia entrar e ficar à vontade.

Assim fiz. Por volta de 13:30 chegaram outras pessoas. Um casal com algumas crianças e uma outra família.

Notei quando cheguei que tocava no som um Cd de uma dupla sertaneja, depois ligaram uma TV e um DVD e passaram o DVD do Emilio e Santiago, e depois alguns CDs de Axé e Pagode. Essas músicas me surpreenderam porque quando fui até a feijoada pensei que ouviria músicas do congado.

Às 14:30 já havia mais algumas pessoas.

Serviram a Feijoada, um prato do qual não agrado muito, mas depois de muita insistência por parte das pessoas que passavam por mim e não me viam comer em especial o capitão Zezão, servi e comi.

Depois de comer, como já havia mais algumas pessoas, conversei com algumas que não eram do terno, mas estavam ali porque alguém da família pertencia. Conversei com uma garota que estava no segundo ano no terno, estavam com ela os pais irmãos e sobrinhos, mas só ela pertencia ao terno. Pedi que me falasse um pouco sobre como era fazer parte do terno de Congo de Sainha, com muito entusiasmo ela disse que ficava extremamente nervosa na semana que antecedia a Festa a ponto de não comer nada e vomitar aquilo que comia. E no dia da festa, na hora de dançar sentia o corpo todo tremer tamanha era a emoção de ver e participar com tanta gente de toda aquela festa.

Algo que me impressionou muito foi a receptividade de todos. Embora tivessem outras mesas vazias algumas pessoas sentavam comigo na minha mesa mesmo que não ficassem conversando comigo.

Às 15:30 fui embora havia umas 20 pessoas ainda, e já chovia não pude ficar mais.

Valeu a experiência para que eu pudesse conhecer um pouco mais do congado vendo e ouvindo aqueles que fazem parte dele.


Próximo à minha casa há o Terno Moçambique de Belém, quartel de Siricoco.

Rua Izaura Augusta Pereira (Antiga 12) Bairro Santa Mônica.



Entrevista com Benzedeira


A entrevista foi feita com a benzedeira Beni Luiza, 53 anos. Ela possui até a 3ª série, disse que não gostava de estudar porque a escola ficava a 2 léguas de casa. Segundo ela, a família nunca teve preconceito. Começou com oração contra mal olhado aos 8 anos de idade através de sua tia que também benzia. Disse que benze por caridade e gosta de ver os outros felizes. Usa qualquer ramo verde porque traz paz e ajuda a tirar o mal olhado. Geralmente quem a procura é mãe com crianças, além de pessoas com cobreiro e mal olhado, entre outros motivos. Ela falou que não gosta de benzer pessoa mais velha, mas não disse o porquê. Falou ainda que não benze todo mundo, como as “outras”, que não é invocado, ela só benze quem ela vê que precisa.

Quanto ao aprendizado, disse que qualquer um pode aprender basta ter fé. Porém em outra parte da entrevista, falou que já se nasce com essa missão e que nunca ensinou pra ninguém, ora em voz alta, mas se ensinar perde os poderes.

A cerca da permanência dessa prática ela disse que ainda há muitos benzedores, principalmente para o lado do Bom Jesus.

É católica. E quando questionada a cerca da relação entre a religião e essa prática ela disse que todas as bendições vêm com o Espiritismo, o qual ela não freqüenta por medo. Diz que espírito é só pra fazer maldade.

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