sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

trabalho individual escrito

(Parte I) ANÁLISE COMPARATIVA Carnaval (cultura oral tradicional) X Funk (cultura popular urbana)

Modo de transmissão
O Carnaval foi originado na antiguidade e recuperado pelo cristianismo, começando no dia de Reis e acabando na quarta-feira de cinzas, às vésperas da quaresma. O termo Carnaval surgiu do “adeus à carne” ou “carne nada vale”. Durante esse período cada cidade tinha os festejos a seu modo, de acordo com seus costumes.

O Funk carioca é um tipo de música eletrônica originado no Rio de Janeiro, derivado e levemente parecido com o Miami Bass, devido à sua batida rápida e aos vocais graves. No Rio, o funk carioca é chamado simplesmente de funk, apesar de ser um gênero diferente do funk americano.

Trajeto histórico
No fim do século XIX, vários grupos ocuparam as ruas do Rio de Janeiro, servindo de modelo para as diferentes folias e, nessa época, eram indiscriminadamente de cordões, ranchos e blocos. Em 1890 Chiquinha Gonzaga compôs a primeira música (“ô abre alas”) específica para o Carnaval.

O funk teve início na década de 70, quando surgiram as primeiras equipes de som no Rio de Janeiro, como a Soul Grand Prix e a Furacão 2000, que organizavam bailes dançantes. Os primeiros bailes eram feitos com vitrolas hi-fi e as equipes foram, aos poucos, crescendo e comprando equipamentos melhores. Com o crescimento dos bailes, por volta de 1989, começaram a surgir músicas em português.

Relação de classes
Os foliões do Carnaval costumavam freqüentar os bailes fantasiados, usando máscaras e disfarces inspirados nos bailes de máscaras parisienses. As fantasias mais tradicionais e usadas até hoje são as de Pierrot, Arlequim e Colombina, originárias dos bailes italianos.

Nos bailes de funk, ao mesmo tempo em que as músicas abordavam o cotidiano das classes baixas, alguns bailes começaram a ficar mais violentos e ser palco de "brigas de galeras", onde pessoas de dois lugares dividiam a pista em duas e quem ultrapassasse as fronteiras de um dos "lados", era agredido pela outra galera.

Aspectos de dominação e hegemonia
A festa carnavalesca brasileira começou a ser civilizada por meio da importação dos bailes parisienses, colocando o Entrudo Popular (como era conhecido) sob forte controle policial. Por volta de 1890 tentaram modificar a data do Carnaval, deslocando-o para os meses do inverno, "para evitar os malefícios do verão escaldante". Contudo, nenhuma tentativa de mudar a data do Carnaval teve sucesso no Brasil.

A violência não fez o funk parar por aí, a pressão da polícia, da imprensa e a criação de uma CPI na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro em 1999 e 2000 acabaram com a violência em grande parte dos bailes. Com o tempo as músicas se tornaram mais dançantes e as letras mais sensuais. Assim, do morro ao asfalto o funk conseguiu integrar as classes cariocas, que eram tão divididas no interior de uma mesma cidade.

Resignificação
O Carnaval do Rio de Janeiro é considerado um dos mais importantes desfiles do mundo e o de São Paulo, após ser transmitido pela rede Globo, também tem ganhado destaque. No Rio de Janeiro e em outras cidades, as Escolas de samba fazem desfiles organizados que são, na verdade, um concurso para a eleição da melhor escola do ano, de acordo com regras técnicas e estéticas. Surgiu daí a indústria do carnaval gerando muitos empregos nos barracões das escolas de samba na confecção dos carros alegóricos, fantasias e adereços carnavalescos.

O funk ganha cada vez mais espaço fora do Rio e ganha reconhecimento internacional, sendo eleito umas das grandes sensações do verão europeu em 2005 e ser base para um êxito da cantora MIA, Bucky Done Gun. Recentemente o Funk tem se firmado como o ritmo mais ouvido e o mais influenciador da juventude carioca. Falando sobre a realidade e atual situação do Rio de Janeiro de maneira irreverente e muitas vezes criminosa, o funk conseguiu atrai cada vez mais a massa jovem.

Criação e uso
No Carnaval, além dos desfiles das escolas de samba acontecem também os desfiles de blocos menores e dos blocos de empolgação, que são simplesmente grupo de pessoas que saem desfilando pelas ruas das cidades para se divertir, sem competição. Também há desfiles de bandas, que reúnem muitos carnavalescos acompanhando, e os bailes de carnaval, realizados em clubes, ou em áreas públicas abertas, com execução de músicas carnavalescas.

Com o nascimento de novas equipes e rádios de funk, além do interesse cada vez maior nos bailes por parte da classe média, principalmente o Baile do Castelo das Pedras, em Rio das Pedras, Zona Oeste, o funk vem se firmando como um ritmo forte e crescente, apesar do grande preconceito ainda existente. Algumas letras eróticas e de duplo sentido também revelam uma liberdade de expressão comuns a estilos musicais populares no Brasil como o Axé e o forró, além da criatividade.


(Parte II) MINHA INSERÇÃO NO TECIDO CULTURAL

Todos nós, como seres sociais, somos resultado das influências dos mais diversos tipos de culturas. Somos influenciados por nossos pais, que foram influenciados por nossos avós e assim por diante. Essa cultura é conhecida como oral tradicional, que passa de uma geração para outra.
Além da cultura oral tradicional, encontramos durante a nossa vida a cultura popular que, segundo Aretz, é a que anda pelo povo e este a assimila; a cultura massiva, também conhecida como indústria cultural, mas apesar de ser criticada é uma forma de divulgação dos outros tipos de cultura; a cultura erudita, criada por poucos e para poucos; a cultura urbana ou folclore urbano, que é uma manifestação originada na zona urbana; a cultura acadêmica, que somos inseridos no ensino superior, entre outras culturas populares.
Analisando minha inserção no tecido cultural, a partir das influências familiares, pude perceber que a tradição familiar foi o que teve maior importância na formação do que sou hoje. Algumas influências familiares foram: meu modo de falar; o respeito com o próximo, principalmente com os mais velhos em idade; o esforço pra conseguir o que quero – sempre tive exemplo dos meus pais e avós, que preciso “ralar” muito pra conseguir meus objetivos com meu próprio mérito – e estudar para ter crescimento profissional, que eles não tiveram oportunidade; o cuidado com a saúde através de remédios naturais; saber e ter prazer em cozinhar refeições, quitandas, sobremesas etc, fazer as atividades de casa e trabalhos manuais (crochê, ponto cruz, entre outros); e também nos relacionamentos, como apresentar o namorado para os pais, fazer cerimônia de noivado (que terminei há alguns meses) e de preferência casar na igreja – o que ainda é um plano deles e meu também.
Pela tradição familiar, a religião seguida seria a católica, com participação ativa nas festas do congado, festa de Reis, ir andando a Romaria etc. Mas minha avó paterna se converteu na igreja evangélica e meus pais a seguiram (minha mãe era vizinha deles e iam junto para a igreja), por isso sou de berço evangélico pentecostal e segui meus pais. Essa aceitação pela fé evangélica foi o que me colocou distante do catolicismo, apesar de ser muito ligada à minha família materna, só agora descobri, com os trabalhos da disciplina folclore brasileiro, que meu avô é capitão de um grupo de folia de Reis há mais de 20 anos. Fiquei muito surpresa com essa descoberta, porque sempre soube que ele tocava e cantava, mas nunca tive interesse no assunto, mesmo vendo ele sempre ao menos três vezes por semana e sendo muito ligada a ele.
Por meio da religião (um tipo de cultura popular) e da família, resultei em uma pessoa que sai raríssimas vezes para festas/baladas à noite, assim como outros tipos de diversões também. Somos bastante caseiros, mas uma viagem para a fazenda dos tios, de vez em quando, cai muito bem e faz muito bem pra nós e para eles também. Para completar meu lazer, às vezes, vou ao cinema com os amigos. Minhas diversões são sempre assim, nada radicais, mas seguem meu estilo de vida e eu gosto muito de tudo isso.
Encontro influências da cultura massiva nas músicas que eu ouço, nas roupas (que também seguem a cultura popular) que eu uso, apesar de ter um estilo mais individual do que seguindo a moda, assim como nos momentos de diversão, como o cinema, que é divulgado pela televisão.
Enfim, a cultura que mais tem marcado minha vida, recentemente, é a cultura acadêmica, pois está ampliando meu conhecimento da realidade e de diversos assuntos, assim como me conhecendo também, por meio dos meus antepassados e das influências culturais – conhecimento este que foi adquirido por meio desta disciplina. Além da minha auto-compreensão a cultura acadêmica vem me trazendo crescimento profissional, pessoal e me faz perder, a cada dia, as idéias pré-concebidas que costumo ter sobre o desconhecido. Então, agora, procuro conhecer e sempre descubro em tudo muitas coisas interessantes que eu não imaginava encontrar pela pré-concepção das idéias.

Nenhum comentário: